Quem é a Travesti que está desmascarando a extrema direita em Araraquara?

No Dia do Orgulho de Ser Travesti e Transexual, conheça Filipa Brunelli — a primeira vereadora trans eleita em Araraquara, que tem sido destaque no enfrentamento a esquemas de corrupção e imoralidades na política.

Neste 15 de maio, Dia do Orgulho de Ser Travesti e Transexual no Brasil, Araraquara tem um nome que simboliza essa luta com potência e coragem: Filipa Brunelli. Primeira mulher trans eleita vereadora na cidade, Filipa tem ocupado um papel central na política local — não como coadjuvante, mas como protagonista de embates diretos com a extrema direita e com práticas que há muito tempo operam nas sombras da Câmara Municipal.


Ao longo de seu mandato, Filipa tem denunciado com firmeza os esquemas de proteção política, os conchavos e as imoralidades que envolvem parte da base governista. Recentemente, ganhou destaque ao votar pela abertura de uma Comissão Processante contra o vereador Emanuel Sponton (PP), investigado por supostos esquemas de rachadinha e abuso de poder. Com base em documentos enviados pelo Ministério Público — como depoimentos e comprovantes bancários —, Filipa tem questionado a tentativa de blindagem articulada entre o governo municipal e aliados do investigado.


“Ser travesti e ocupar esse espaço já é romper com a lógica do silêncio e da submissão. Mas eu fui eleita pra mais do que ocupar: fui eleita pra denunciar, pra enfrentar e pra tirar da zona de conforto quem sempre se sentiu intocável”, declarou a vereadora durante uma das sessões mais tensas da legislatura.


Não tem sido fácil. Desde que assumiu o cargo, Filipa enfrenta ataques transfóbicos, projetos de lei com intenção de censurar suas manifestações políticas e uma constante tentativa de descredibilizar sua atuação parlamentar. Mas, mesmo diante dessas investidas, sua presença cresce — dentro e fora do plenário.


Neste 15 de maio, o orgulho de ser travesti se manifesta também na política institucional, nas tribunas, nas comissões e nos embates públicos. E Filipa é, hoje, o rosto de uma geração que não apenas rompe cercas, mas planta bandeiras.


Em tempos de retrocessos, moralismo seletivo e corrupção institucionalizada, ver uma travesti denunciando os podres da extrema direita, com coragem e altivez, é mais do que simbólico: é revolucionário.


Filipa Brunelli não é exceção. Ela é o prenúncio de um novo tempo — um tempo em que ser travesti na política não é mais uma exceção, mas uma resposta.